Nas últimas postagens, foram abordados temas relacionados à bioquímica do sangue, correlações clínicas, bem como temas de relevância social e de saúde coletiva. Neste último post, será tratado um assunto de influência positiva no meio científico: a criação do sangue sintético.
Como é sabido, existem milhões de hemocentros ao redor do mundo (locais onde há coleta voluntária de sangue, para a reposição de bolsas em clínicas e hospitais, seja para procedimentos cirúrgicos, ou ainda para transfusões de sangue). No entanto, há ainda problemas relacionados à baixa de estoque, o que põe em cheque a segurança de milhares de pessoas que dependem dessas bolsas de sangue para sobreviver, todos os dias, em diversas partes do país.
Há no país, após décadas de luta, uma indústria nacional de produção de componentes fundamentais no sangue, e que por algumas patologias, como a hemofilia, pode haver redução de seus níveis (um exemplo desses componentes é o fator VIII da cascata de coagulação). Com isso, o país dá um salto no sentido de reduzir as taxas de importação de produtos que podem ser fabricados no país, bem como a rapidez dos serviços até a sua utilização.
Há no país, após décadas de luta, uma indústria nacional de produção de componentes fundamentais no sangue, e que por algumas patologias, como a hemofilia, pode haver redução de seus níveis (um exemplo desses componentes é o fator VIII da cascata de coagulação). Com isso, o país dá um salto no sentido de reduzir as taxas de importação de produtos que podem ser fabricados no país, bem como a rapidez dos serviços até a sua utilização.
Dentre os produtos disponibilizados pela indústria de hemoderivados, destacam-se:
1
Albumina
2 Cola de fibrina
3 Complexo
protrombínico
4 Fator IX
5 Fator VIII
6 Fator VIII
recombinante
7 Fator de von
Willebrand
8 Imunoglobulina
1 Utilizada no
tratamento de queimados, pessoas com cirrose, pacientes de terapia intensiva,
entre outros.
3 Conjunto de proteínas
que atua na coagulação e é indicado para pacientes com hemofilias A e B, para o
tratamento de hemorragias em pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes
e também para cirrose hepática.
4 Coagulante utilizado
no tratamento de pessoas com hemofilia B.
5 Coagulante utilizado
no tratamento de pessoas com hemofilia A.
6 Produto obtido por meio de engenharia
genética, ou seja, que dispensa o uso do plasma sanguíneo como matéria-prima.
Possui a mesma eficácia do fator VIII plasmático e, como ele, é voltado para o
tratamento da hemofilia tipo A.
7 Proteína de
coagulação usada no tratamento da doença de Von Willebrand, tipo de enfermidade
que, como na hemofilia, o paciente tem dificuldade para coagular o sangue.
8 Hemoderivado de maior consumo no
mundo, é usado para o tratamento de pessoas com AIDS e outras deficiências
imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas.
O sangue do doador estraga, precisa de refrigeração e pode transportar
doenças. Pesquisadores estão buscando alternativas sintéticas que são
universais para compensar a falta de suprimentos do sangue de verdade. Por
isso, é muito significativa a notícia de que um substituto experimental do
sangue, derivado do plasma da vaca, foi o responsável por trazer uma mulher
australiana de volta da beira da morte.
Tamara Coakley chegou a um hospital em Melbourne em estado muito grave.
Um acidente de carro deixou sua medula espinhal danificada, danificou muito
seus pulmões e lhe causou um traumatismo craniano e vários ferimentos
traumáticos. O acidente ainda deixou-a com uma quantidade perigosamente baixa
de sangue no corpo, menos que o suficiente para oxigenar seus tecidos de forma
eficaz. Para complicar ainda mais as coisas, a religião de Coakley diz que
ela não pode receber transfusões de sangue de outra pessoa.
Dez
unidades de HBOC201, substância feita à base de hemoglobina que transporta
oxigênio sintético contendo uma molécula derivada do plasma da vaca, foram
injetadas no corpo de Coakley e, contra todas as probabilidades, a operação deu
certo e ela se recuperou. Considerando que o HBOC201 não necessita de
armazenamento refrigerado nem de compatibilidade, ele pode ficar numa
prateleira esperando para ser utilizado por até três anos.
Muito se escutou, no decorrer dessas postagens, problemas que poderiam
ser solucionados com uma simples intervenção do Estado, no sentido de se fazer
presente e atuante, por meio de seus órgãos fiscalizadores e regulamentadores
no controle das drogas e fármacos, bem como em investimentos e melhorias no
Sistema Único de Saúde, fortalecendo seus princípios de equidade e
integralidade, principalmente a nível de atenção básica. Vê-se ainda uma
fragilidade nas medidas de conscientização e anti-impactos, uma vez que muito
mais valioso que oferecer condições, é fornecer informações de como utilizar
aquelas, garantindo pois, o estado de segurança em saúde pública. Algo que pode ser alterado com a adesão de uma educação de qualidade, e que já vem sendo iniciado por meio de medidas paliativas.
Por meio deste blog, firma-se um acordo pessoal para que possamos ser
agentes de transformação social, e não meros operadores de saúde. Que saibamos valorizar o exercício da medicina como a consequência de uma educação que nos foi prestigiada pelo poder público, e que não por obrigação, mas por cidadania, ofereçamos com a devida satisfação os nossos serviços para o SUS, ampliando e reconhecendo seus princípios de universalidade, equidade e integralidade.
"Quem só medicina
sabe, nem medicina sabe!"
REFERÊNCIAS:
Hemobrás. Disponível em: <http://hemobras.gov.br/site/conteudo/index.asp> Acesso em: 06 de dez. 2014.
Transfusão de sangue sintético salva vida de mulher. Disponível em: <http://hypescience.com/transfusao-de-sangue-sintetico-salva-vida-de-mulher/> Acesso em: 06 de dez. 2014.