sábado, 15 de novembro de 2014

A Bioquímica da Desnutrição Infantil

A desnutrição infantil pode ser investigada pelas medidas antropométricas, exames laboratoriais, manifestações clínicas e alimentares. Os indicadores antropométricos são mais utilizados, sendo muito comum a denominação de desnutrido quando a criança tem baixo peso para a idade ou para a estrutura.

Em alguns casos, é necessário levar em consideração a avaliação clínica e a história dietética para elaborar o diagnóstico final, pois em casos de crianças com edema ou constitucionalmente magras, o resultado antropométrico vai apontar, erroneamente, para eutrofia (normal) e desnutrição, respectivamente.
As formas de manifestação da desnutrição infantil são as seguintes:
Kwashiorkor: Mais presente em crianças menores de 5 anos e com uma sintomatologia característica: edema, diarreia, descamação da pele, despigmentação do cabelo, apatia, tristeza e face de lua. Há redução proteica em diversos setores do organismo: sangue, tecidos periféricos, músculos, fígado e outras vísceras.
-Marasmo: Acentuada deficiência de crescimento, bem como a de peso, atrofia muscular e ausência de gordura subcutânea. A criança apresenta face de idoso e pele enrugada, e apresenta-se irritadiça.  Há concentração de proteínas plasmáticas normais, ou levemente diminuídas.
Uma implicação clínica associada à desnutrição são as anemias, uma vez que com a ingestão insuficiente de macro e micromoléculas, podem ocorrer distúrbios metabólicos a médio ou longo prazo. Para tanto, é necessário entender que:
Anemias são uma série de condições caracterizadas pela deficiência na concentração da hemoglobina (proteína do sangue, presente nas hemácias, e que está relacionada com o transporte de O2 dos pulmões para os tecidos do corpo) ou na produção dos próprios eritrócitos.
Elas podem ser agudas ou crônicas, adquiridas ou hereditárias. São agudas, quando há perda expressiva e acelerada de sangue, o que pode acontecer nos acidentes, cirurgias, sangramentos gastrintestinais, por exemplo As crônicas são provocadas por doenças de base, algumas hereditárias (talassemia e anemia falciforme) e outras adquiridas, como as que ocorrem por deficiência nutricional, por deficiência de ferro (anemia ferropriva, a mais comum), por carência da vitamina B12 ou de ácido fólico (anemia megaloblástica), micromoléculas presentes em leguminosas, vegetais verdes, cereais e sementes, como a beterraba e o feijão.

Dando continuidade ao tema, os tipos de desnutrição infantil podem ser analisados conforme explicitado na tabela abaixo.
MARASMO
KWASHIORKOR
Lactente (menores de 2 anos)

Grave privação ou absorção prejudicada de proteína, energia, vitaminas e minerais
Desenvolve-se lentamente; DPE crônica
Perda severa de peso
Perda muscular grave com perda de gordura
Crescimento: <60% do peso para a idade
Ausência de edema detectável
Ausência de fígado gorduroso
Ansiedade, apatia
Apetite pode ser normal ou prejudicado
Cabelo ralo, fino e seco; facilmente arrancado
Pele seca, fina e enrugada
Lactentes mais velhos e crianças novas (1 a 3 anos)
Ingestão inadequada de proteína ou, mais comumente, infecções

Inicio rápido; DPE aguda
Alguma perda de peso
Alguma atrofia muscular, com retenção de alguma gordura corporal
Crescimento: 60% a 80% do peso para a idade
Edema
Fígado aumentado, gorduroso
Apatia, irritabilidade, tristeza
Perda de apetite
Cabelo seco e quebradiço; facilmente arrancado; cor alterada; torna-se liso
A pele desenvolve lesões

O fato é que o quadro clínico da desnutrição se caracteriza, de forma geral, com a redução de proteínas plasmáticas do sangue e transportadoras. Com o desequilíbrio de concentrações entre os meios intra e extracelular, os tecidos orgânicos podem sofrer edemas, uma vez que o sangue está menos concentrado, efetuando a osmose.

Não obstante, a administração padrão de drogas pode intoxicar um paciente com desnutrição, sobretudo, crianças, que ao receber um comprimido para tratar verminoses, por exemplo, poderá passar por um quadro de intoxicação, uma vez que as proteínas responsáveis por transportar os princípios ativos de tais medicamentos estão em baixa concentração, processo decorrente pela baixa ingestão de alimentos (desnutrição) e pela ausência ou insuficiência de minerais, como o ferro (anemia).

Prioridade dos últimos governos populistas do PT, o combate à miséria extrema e à pobreza no Brasil tem diminuído os índices de pessoas em condições de vulnerabilidade social e humana, dando oportunidade para milhões de pessoas obterem as condições mínimas de alimentação diária e sobrevivência, como por meio do Bolsa Família.

Recentemente, o Ministério da Saúde publicou uma cartilha (disponível em sua plataforma) acerca da alimentação das famílias brasileiras, visando a garantia da segurança alimentar e nutricional, que não se resume apenas à garantia dos alimentos, mas com a complementação de orientações e explicações sobre como utilizar os alimentos, além dos princípios básicos de higiene e conservação.

É imprescindível, pois, o fortalecimento de medidas do Ministério da Saúde em prol da saúde pública brasileira, como a supracitada, além de políticas de conscientização a nível de atenção básica e em escolas, atendendo o público de gestantes, crianças e pais, protagonistas desta problemática e agentes ativos de intervenção. Não obstante, os profissionais de saúde possuem uma importância ímpar de conscientização e intervenção (ações sociais da saúde) desta realidade, seja por meio de oficinas e palestras em postos de saúde e escolas, ou por meio da atuação dos médicos, enfermeiros e agentes de saúde no tratamento e fortalecimento de medidas anti-impacto, visando a alteração de vivências contrastadas entre a foto no início deste post e esta última (retrato do poder de escolha e de conscientização).



REFERÊNCIAS:

VARELLA, Drauzio. A Anemia. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/letras/a/anemia/> Acesso em: 15 de nov. 2014.

Desnutrição infantil. Disponível em: <http://www.sonutricao.com.br/conteudo/artigos/desnutricao/> Acesso em: 15 de nov. 2014.

9 comentários:

  1. Segundo o Ministério da Saúde, a partir de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher realizada em 2006, a prevalência de anemia divulgada para o Brasil em crianças é de 20,9% e de 29,4% em mulheres. Para crianças, observou-se que a região Nordeste apresenta a maior prevalência (25,5%) e a Norte, a menor (10,4%).
    Mediante tais dados, o Ministério da Saúde implantou o Programa Nacional de Suplementação de Ferro em todos os municípios, cujo objetivo é promover a suplementação universal de crianças de 6 a 18 meses, gestantes a partir da 20ª semana e mulheres no pós-parto. Tal programa consiste na distribuição de doses de sulfato ferroso ao público alvo citado acima através da Unidades Básicas de Saúde.
    Observando que o ferro é um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese (fabricação) das células vermelhas do sangue e no transporte do Oxigênio para todas as células do corpo, o mesmo reduz o nascimento de bebês prematuros e com baixo peso; reduz o risco de morte materna no parto e no pós-parto imediato; melhora a capacidade de aprendizagem da criança; melhora a resistência às infecções; e é fundamental para o crescimento saudável.
    É importante salientar, que a anemia falciforme é a substituição nas cadeias B da hemoglobina, de um resíduo de glutamato, cujo radical polar negativo localiza-se na superfície externa, por valina, com grupo R apolar. As moléculas quando desoxigenadas, agregam-se devido ligações hidrofóbicas envolvendo so radicais apolares de valina. Os agregados formam um precipitado que distorce as hemácias, e consequentemente obstruem os capilares e impedem a oxigenação dos tecidos, permitindo concluir que embora as condições alimentares sejam fator determinante para a desnutrição e anemia, o fator genético representa um parcela significativa neste quadro clínico, necessitando de um cuidado especial.

    FONTE:
    Brasil. Ministério da Saúde. PNDS 2006. Relatório da pesquisa nacional de demografia e saúde da criança e da mulher. Brasília; 2008 [acesso 2014 nov 16]. Disponível em:

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  2. Tema muito interessante, pois a desnutrição é um grave problema de saúde pública em todo o mundo, sendo considerada a segunda causa de morte em crianças que possuem menos de cinco anos em países que se encontram em desenvolvimento. Essa deficiência alimentar pode ser definida como uma insuficiência em nutrientes essenciais. A ocorrência de pessoas desnutridas é comum em locais onde se vive em extrema pobreza e também em regiões que sofrem com guerras e outros tipos de conflito, uma vez que a população acaba isolada e possui o acesso a alimentos dificultado. A desnutrição, entretanto, não ocorre apenas em pessoas que não têm acesso a uma alimentação saudável. É importante destacar que esse problema também afeta pessoas doentes que não conseguem absorver os nutrientes dos alimentos de forma satisfatória. Isso é comum em pacientes com diarreia intensa, anorexia ou com doenças como câncer e HIV. Uma pessoa desnutrida sofre diversos problemas, principalmente no que diz respeito ao seu sistema imunológico, que fica bastante fragilizado e não consegue evitar, portanto, que o paciente adquira doenças. Além disso, a desnutrição gera grande perda muscular e de gordura, retardo no crescimento, alterações psicológicas, perda da cor do cabelo, enrugamento da pele, anemia, alterações ósseas, entre outros problemas. Em crianças, é importante lembrar que o desenvolvimento mental e físico fica seriamente comprometido.

    http://www.brasilescola.com/saude/desnutricao.htm

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  3. Os tipos de desnutrição provam que ela possui mais de uma origem podendo ser por uma alimentação desequilibrada, pela acesso escasso ao alimento. Nos dois tipos de desnutrição citados, Kwashiorkor e Marasmo, ha a perda de massa muscular, isso se dá pois pois as reservas de carboidrato, preferencial na produção energética, já se esvaíram, e o organismo passa a quebrar lipídios e proteínas para suprir essa falta. Como o corpo não possui reservas de proteínas elas são retiradas de onde são constituintes, no caso, o músculo. Além disso, associadas ás desnutrições, podem surgir quadros de anemias, as quais também possuem variadas causas. Podem ser causadas por trocas em aminoácidos de um dos componentes beta da hemoglobina gerando a anemia falciforme a qual impede o devido transporte de O2. Podem ser também por falta de ingestão de ferro ou por baixa ingestão vitamínica as quais são coenzimas de várias reações relacionadas com o transporte sanguíneo ou com a produção de células sanguíneas.
    Crianças, gestantes, lactantes (mulheres que estão amamentando), meninas adolescentes e mulheres adultas em fase de reprodução são os grupos mais afetados pela anemia, muito embora homens - adolescentes e adultos - e os idosos também possam ser afetados pela anemia.

    Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/anemia

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  4. É importante ressaltar a desnutrição infantil como uma doença proporcionada por uma deficiência do sistema público e da própria sociedade, que não cumpre o seu papel de fiscalizar e auxiliar famílias carentes, sem acesso a alimentação ou apenas ao alimento com pouco teor nutricional, certos casos como o implementado pelo governo brasileiro merecem destaque, porque tem resultados que vem sendo alcançados, como bem lembrado na postagem, programas de transferência de renda como o bolsa família, facilitam o acesso ao mínimo de alimentação, e isso é um aspecto notável, recursos são repassados a cidades pequenas com menos de 20 mil habitantes através da Agenda para Intensificação da Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil (ANDI), programa do governo para combater diretamente a fome e a subnutrição, para receber os recursos, os gestores locais se comprometem a enfrentar os determinantes sociais que causam a desnutrição, ampliando o acompanhamento das condicionalidades de saúde das famílias beneficiárias de programas sociais, e a melhorar a identificação e o acompanhamento de crianças com desnutrição ou atraso no desenvolvimento infantil, com busca ativa, visitas domiciliares e melhor acolhimento no Sistema Único de Saúde.

    Fonte:
    http://www.brasil.gov.br/saude/2014/10/governo-federal-libera-r-12-milhoes-para-combater-desnutricao-infantil

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  5. Recentemente fomos tomados por uma onda de medidas assistencialistas de faixada que mascaram a realidade das famílias pobres brasileiras, é claro que muita coisa mudou de uns anos pra cá, muitas famílias saíram do nível extremo da pobreza, mas o sucesso na superação de muitos problemas sociais se deve ao conhecimento gerado pelas inúmeras transformações tecnológicas que acontecem constantemente. Infelizmente, problemas tão antigos como a desnutrição infantil ainda não foram superados e com isso fica a ideia de que a sua prevenção e controle dependem de medidas mais amplas e eficientes de combate à pobreza e à fome e políticas de inclusão. Esses fatores são fortemente evidenciados nas gigantescas diferenças regionais do território brasileiro. Dessa forma, é preciso refletir ainda mais sobre os problemas sociais que permitem a persistência de problemas relativamente fáceis de serem resolvidos pelo governo, como é o caso da desnutrição infantil.

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  6. A desnutrição é uma das principais causas de nascimentos de crianças abaixo do peso normal, crianças que tem mais chances de adoecer durante a infância, adolescência e vida adulta. Há estudos recentes que indicam a existência de vínculos entre desnutrição infantil e o surgimento de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronárias.

    Até manifestações leves de desnutrição podem limitar o desenvolvimento físico e intelectual de uma criança, fazendo com que esta tenha maiores chances de evadir-se da escola com tenra idade, fato que pode contribuir para manter o atual índice de analfabetismo entre as populações de baixa renda.

    Como foi dito na postagem, o uso de medidas assistencialistas mostra-se eficaz contra a desnutrição. Foi interessante ao citar os tipos de desnutrição e seus quadros bioquímicos.
    FONTE
    http://www.infoescola.com/doencas/desnutricao/

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  7. Com relação à desnutrição infantil, a OMS estima que mais de 20 milhões de crianças nascem com baixo peso a cada ano, cerca de 150 milhões de crianças menores de 5 anos têm baixo peso para a sua idade e 182 milhões (32,5%) têm baixa estatura. A desnutrição é a segunda causa de morte mais frequente em menores de 5 anos nos países em desenvolvimento. Por volta de 56% das mortes de crianças são atribuídas à desnutrição, devido aos efeitos potencializadores das formas moderadas e leves dessa doença.
    Esses dados evidenciam um problema de saúde pública, já que abrange outras esferas como a econômica, a educacional, entre outros, mas que aos poucos tem reduzido, graças a programas sociais como o Bolsa Família, citado no texto. Uma criança com quadro de desnutrição apresenta um elevado desequilíbrio bioquímico do corpo, com sintomas de doenças como beribéri (ausência de tiamina, vitamina B1), pelagra (ausência de niacina, vitamina B3), xeroftalmia (ausência de retinol, vitamina A), escorbuto (ausência de ácido ascórbico, vitamina C), perda muscular, alterações ósseas, como a má formação e o raquitismo, causado principalmente pela ausência de vitamina D, responsável por fixar o cálcio nos ossos, entre muitos outros. (Algumas outras complicações da desnutrição e correlações com a insegurança alimentar podem ser encontradas no meu blog).
    É fundamental também a melhor instrução dos profissionais da saúde para saberem lidar com crianças nesse estado. Recente inquérito realizado em nível mundial, em 79 hospitais, verificou-se que muitos profissionais de saúde têm ideias ultrapassadas e/ou desconhecem a conduta adequada para o tratamento de crianças gravemente desnutridas.
    A inadequação do tratamento geralmente resulta da falta de reconhecimento do estado fisiológico alterado e da redução dos mecanismos homeostáticos que ocorrem na desnutrição. As práticas incluem reidratação inadequada levando a sobrecarga e falência cardíaca, falta de reconhecimento de infecções que levam à septicemia e falha em reconhecer a vulnerabilidade das crianças gravemente desnutridas à hipotermia e à hipoglicemia.
    Fonte: MONTE, Cristina M. G. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholar?q=desnutri%C3%A7%C3%A3o+infantil+seguran%C3%A7a+alimentar&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart&sa=X&ei=x19VVJWlGaqQsQS6jIKwBw&ved=0CBwQgQMwAA

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  8. Ao atuar no período crítico de desenvolvimento dos sistemas orgânicos, a deficiência nutricional é capaz de interferir na formação de processos essenciais para a defesa do hospedeiro. Nessa etapa da vida, agressões nutricionais poderão ocasionar comprometimento do sistema imunológico, com sequelas na capacidade de defesa do indivíduo adulto1. Dependendo da intensidade e da duração das alterações nutricionais, as consequências terão impacto maior ou menor sobre todo o organismo no futuro2. Na desnutrição, a maioria dos mecanismos de defesa do organismo está prejudicada3. Além disso, a infecção é a maior causa de morbidade e mortalidade em indivíduos severamente desnutridos4. A desnutrição energético-proteica está associada ao enfraquecimento da imunidade mediada por células, da função fagocítica, do sistema de complemento, da concentração de anticorpos e da produção de citocinas5. Nesta condição várias funções dos macrófagos encontram-se comprometidas6. Estas células são de importância fundamental no controle, na resolução dos processos infecciosos e na regulação da homeostase por serem iniciadoras da resposta inflamatória, por participarem do processo de reparação tecidual e por estarem envolvidas na resposta imune tanto inata quanto adaptativa.

    Fonte:

    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732008000600007&script=sci_arttext

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