sábado, 25 de outubro de 2014

Bioquímica Diabética e Atenção Básica

Listada como uma doença crônico-degenerativa, a Diabetes é uma doença com expressividade genética, e pode ser classificada como de dois tipos: a tipo 1, que acomete pessoas jovens, como resultado da destruição auto-imune das células beta-pancreáticas; e a tipo 2, normalmente manifestada em pacientes com mais de 40 anos de idade e tipicamente obesos, sendo esta patogênese caracterizada pela secreção insuficiente de insulina e resistência a esta última. Ambos os tipos de desenvolvimento da doença possuem causas desconhecidas, mas costumeiramente relacionadas a fatores genéticos, a determinados genes. Pesquisas apontam, inclusive, que parentes em primeiro grau de portadores da diabetes tipo 2 possuem 40 % de chances de desenvolver a doença.

O fato é que, em ambos os casos, a síndrome patogênica se manifesta por meio da instabilidade fisiológica do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas, seja por sua ausência, ou ainda, por sua baixa produção.

Assim, a diabetes interfere no metabolismo dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas, principalmente pela incapacidade de a glicose penetrar nos tecidos imuno-dependentes, por meio do sangue, bem como nos tecidos adiposo e muscular, com o respectivo aumento de glucagon. Com isso, ocorre a inibição da glicólise e da lipogênese, ao passo que são estimuladas a glicogenólise, a lipólise, a cetogênese e a glucogênese, tornando-se o fígado um produtor de glicose, o que caracteriza um quadro de hiperglicemia em jejum.


Pacientes diabéticos descompensados têm uma maior produção de ácidos acetoacético e beta-hidroxibutírico, o que reduz o pH do sangue, provocando acidose metabólica. Além disso, os diabéticos perdem mais água na urina, justamente por conta do potencial osmótico da glicose (diurese osmótica).

Tendo em vista o quadro geral da doença, faz-se necessário comentar ainda sobre a hipoglicemia (redução dos níveis de glicose no sangue), que pode apresentar-se por meio de altas doses de reposição de insulina, o que propicia a redução do açúcar circulando no sangue; além da possibilidade de aplicação do hormônio pós-alimentação, o que representaria o aumento de insulina circulando. Um distúrbio sério, comumente citado quando se trata do quadro diabético, e que pode ser relacionado com a prática de exercícios físicos, jejum, excesso de insulina exógena, ou ainda com a inibição da produção de glucose endógena (ingestão de bebidas alcoólicas, por exemplo).

O sangue possui uma importância fundamental para os processos bioquímicos e metabólicos da glicose, e a alteração de seus níveis no plasma pode ocasionar uma série de problemas orgânicos. Dentre eles, como complicações tardias da diabetes: a neuropatia autônoma (diarreia), o pé diabético (úlceras nos pés), a retinopatia (cegueira e disfunção visual), a cardiopatia coronária e a nefropatia, o que dificulta a possibilidade de cura e de um tratamento mais brando, o que requer um olhar multidisciplinar de saúde, sobretudo no cuidado em atenção básica, em que se previne a progressão negativa da doença, evitando as demandas pelos níveis mais avançados em saúde.


Quando se fala em saúde do diabético, é necessário entender que a sua alimentação e dieta nutricional devem ser acompanhadas, controlando a ingestão de bebidas e comidas açucaradas, inclusive os carboidratos (representados principalmente pelas massas), uma vez que constituem-se como glicídios, e portanto, açúcares. Dessa forma, é necessário um amplo projeto de conscientização articulada e anti-impactos, sobretudo pelo fato de que a diabetes projeta-se como uma doença do futuro, indiscutivelmente pelo avanço da expectativa de vida e pela difusão de hábitos negativamente contemporâneos, como a busca por comidas feitas, bebidas calóricas e processados industriais, repletos de conservantes, nitrito, sódio e carboidratos (os vilões da boa saúde).

Seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde, as secretarias de saúde e demais órgãos gerenciais e representativos da saúde possuem uma responsabilidade indiscutível de fiscalização e análise em feed back dos serviços ofertados pelos postos de saúde (centros da atenção básica).
São oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, a nível de atenção primária, serviços odontológicos, de enfermagem, assistência social e clínica geral, a fim de que pequenos problemas de saúde não tomem grande dimensão, evitando gastos para o governo e possibilitando uma ampla e efetiva recuperação do estado de saúde.

É imprescindível, após constatação de distúrbio metabólico, o rápido enquadramento no cadastro de Saúde da Família do posto que cobre geograficamente a residência do paciente, iniciando um prontuário de acompanhamento, bem como efetivando a explanação situacional do diabético, possibilidades de cura e tratamento. O diabético tem direito ainda a insulina gratuita ou a preço popular, se necessário.


Cada vez mais comum, o quadro de descompensação metabólica tem tido a sua importante carga genética impulsionada por fatores externos, como a própria alimentação. Por isso, existem muitas discussões acerca da necessidade de se estabelecer o padrão de segurança alimentar, principalmente nas grandes cidades, que possuem, ano após ano, um ritmo de crescimento frenético, incorporado ao ritmo desumano do mercado de trabalho, em que o preparo da própria comida é posto em cheque, frente ao leque de opções de comidas feitas, ou preparadas por terceiros.

Portanto, é necessário que sejam intensificadas as campanhas de conscientização, bem como fortalecidos os investimentos e a fiscalização em serviços de saúde, garantindo o amplo processo de saúde, bem como humanizando o atendimento.

REFERÊNCIAS

BAYNES, John; DOMINICZAK, Marek H. Bioquímica Médica. São Paulo: Ed. Manole, 2000.
PEREIRA, Pricila Melissa Honorato. Avaliação da atenção básica para o diabetes mellitus na estratégia saúde da família. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2007pereira-pmh.pdf> Acesso em: 25 de out. 2014.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/> Acesso em 25 de out. 2014.

8 comentários:

  1. O diabetes é uma doença que vem se tornando cada vez mais comum. Em parte por causa da maior eficácia em diagnósticos, mas, é também deflagrada pela alimentação de má qualidade a que nos expomos todos os dias em razão do ritmo frenético da atualidade. Como dito o diabete pode ocorrer por uma afetação das células beta que acabam por produzir pouca ou nenhuma insulina tornando seus doentes insulinodependentes, ou por uma resistência anômala das células à ação da insulina. Por esse crescimento do número de casos da doença é preciso uma maior atenção para com os pacientes; o alto teor de açúcar no sangue pode ocasionar diferentes alterações em variadas partes do corpo, desde os olhos até os pés. Assim, é preciso doses disponíveis de insulina aos seus dependentes e aos que não forem, uma dieta equilibrada feita por nutricionistas, o acompanhamento com psicólogos e a prática de exercícios físicos podem diminuir a dosagem dos remédios utilizados.

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  2. Fonte: http://drauziovarella.com.br/diabetes/diabetes/

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  3. Quando se fala em Diabetes Mellitus (DM), logo se pensa em insulina, mas nem sempre o caminho é este! Em alguns casos, a insulina é a parte final do processo! Conforme citado, há dois tipos de DM e as suas causas estão associadas ao seu tipo. No Tipo I, a insulina é a forma para sanar a patologia desde cedo, mas no tipo II, a prevenção inicia bem antes da doença instalar-se. Por mais que a genética represente uma grande parcela na etiologia, a alimentação e a prática de exercícios físicos continuam a desempenhar um papel crucial nas "doenças modernas". Além dos inúmeros benefícios, atividade física é importante pelo aumento da resposta dos tecidos à insulina.
    Quando o diabético é compensado, ou seja, apresenta um controle dos níveis glicêmicos, o uso de fármacos orais pode ser o melhor caminho, como a glibenclamida 5mg que é bastante difundida na Atenção Básica do Município de Teresina (PI). Tal fármaco é um antidiabético do grupo sulfonilureias, dotado de potente ação hipoglicemiante e ótima tolerabilidade. Atua sobre as células beta do pâncreas estimulando a produção de insulina e consequentemente a normalização do metabolismo dos carboidratos. Sua absorção é rápida e ocorre mediante a união com proteínas (90%) até o fígado onde é metabolizada.Seus resíduos inativos são eliminados via biliar e pelos rins.
    Em casos descompensados a utilização de insulina é o melhor caso, porém é necessário o acompanhamento dos níveis glicêmicos, através de controle diários e previamente estabelecidos para posterior aplicação da insulina. Mais uma vez, a Fundação Municipal de Saúde de Teresina, concede os substratos necessários ao paciente para que ele próprio faça este controle, fornecendo o glicosímentro, as tiras reagentes, as lancetas e o lancetador, além da insulina que deve ser aplicada de acordo com os valores obtidos na mensuração.
    O melhor caminho é não tornar-se vitima deste mal, trabalhando com a promoção da saúde e prevenção de doenças, principalmente na prática de atividade física ou na alimentação balanceada, mas seja paciente compensado ou descompensado, os profissionais da atenção básica devem estar devidamente capacitados para atuarem desde a promoção da saúde até a reabilitação de pacientes diabéticos.

    FONTE:
    MERCURI, Nora; ARRECHE, Viviana; Atividade física e diabetes mellitus; Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349.
    http://www.medicinanet.com.br/bula/135/glibenclamida.htm

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  4. O tipo 2 é o mais comum de diabetes mellitus. O tratamento deve ser acompanhado de uma mudança no estilo de vida do doente, mas em algum momento o uso de insulina é necessário.
    Seu uso não significa que outros medicamentos não tenham sido usado apropriadamente. As células beta do pâncreas, produtoras de insulina, perdem a função com o tempo, o que faz com a diabetes progrida e o uso de insulina torne-se necessário.
    O uso pode implicar em hipoglicemias, o que é incomum em pacientes que seguem correta alimentação e monitoramento de glicemia.
    Podem ocorrer falsas correlações entre o começo do uso de insulina e complicações da diabetes, o que ocorre quando é ministrada tardiamente.
    Também associa-se ao ganho de peso, mas o efeito é minimizado com alimentação adequada e exercícios físicos.
    FONTE
    http://www.diabetes.org.br/colunistas/dr-mateus-dornelles-severo/insulina-no-diabetes-mellitus-tipo-2-dez-razoes-para-nao-ter-medo

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  5. No Brasil, o diabetes junto com a hipertensão arterial, é responsável pela primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à diálise. É importante observar que já existem informações e evidências científicas suficientes para prevenir e/ou retardar o aparecimento do diabetes e de suas complicações e que pessoas e comunidades progressivamente têm acesso a esses cuidados. O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Aos poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia.

    Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diabetes Mellitus. Cadernos de atenção básica, nº 16. Brasília/DF, 2006.

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  6. O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que ocorre quando há falta de insulina ou
    quando ela não atua eficientemente, resultando em um acúmulo de glicose no sangue que se caracteriza por um quadro de hiperglicemia isolada ou associada às
    complicações o que leva a uma disfunção de vários órgãos como os rins, olhos,
    nervos, cérebro, vasos sangüíneos. O Diabetes é um dos mais importantes problemas de saúde pública do mundo e responde por cerca de 25 mil óbitos anuais, sendo classificado como a sexta causa de morte no país. Os fatores de risco são a predisposição genética, idade, obesidade e sedentarismo.
    Em diabéticos, a hipertensão arterial é duas vezes mais frequente que na população em geral. Pessoas com diabetes têm maior incidência de doença
    coronariana, de doença arterial periférica e de doença vascular cerebral. A doença
    pode também determinar neuropatia, artropatia e disfunção autonômica, inclusive
    sexual (SILVA et al., 2006).

    Fonte:http://sudamerica.edu.br/argumentandum/artigos/argumentandum_volume_3/Argumentandum_3_artigo_Eliana_artigo.pdf

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  7. A Diabetes é uma doença muito presente no nosso dia a dia. A tipo 2, que é a mais comum é a chamada Diabetes Mellitus, que é um problema mundial de saúde pública e uma das principais síndromes crônicas que afetam a humanidade, independentemente das condições socioeconômicas, status e localização geográfica sendo o principal motivo de consultas nos programas de saúde da família. É uma doença que traz uma alta morbidade de pessoas em plena vida produtiva, gerando sobrecarga à previdência social. Outra condição que possui uma importante relevância é o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), onde a mulher previamente não diabética, passa por profundas alteraçoes no metabolismo energético durante a gravidez e o nível de intolerância a carboidratos resulta em hiperglicemia de gravidade variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. A Organização Mundial de Saude, no seu relatório em 2012, informa que a prevalência média de diabetes no mundo está em 10% da população, o que corresponde a mais de 400 milhões de indivíduos vivendo com a doença, embora muitas regiões, como as ilhas do Pacífico, esse valor chegue a 33%. Sem tratamento o diabetes é causa de doença cardiovascular, cegueira e insuficiência renal .

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  8. O diabetes já afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, mais de 6 milhões de pessoas sofrem com a doença , sem contar os que desconhecem possuir a doença. Os pacientes diabéticos devem evitar os açúcares simples (presentes nos doces e carboidratos simples, como massas e pães), pois são absorvidos muito rapidamente, levando a picos de glicemia e, consequentemente, complicações a médio e longo prazo. Portanto, os cuidados com a alimentação são importantes.
    Também é fundamental o empenho de lideranças do governo e gestores de saúde na criação de mecanismos que minimizem o aparecimento, bem como o agravamento da doença. Esses esforços devem ser direcionados tanto à reorganização da atenção à pessoa com diabetes quanto ao provimento de insumos necessários para o controle da doença, com o intuito de reduzir os custos advindos da não detecção precoce e das complicações relacionadas à falta de controle metabólico na diabetes.
    Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/galerias/12357-sete-mudancas-que-ajudam-a-conviver-bem-com-o-diabetes
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672011000500023&script=sci_arttext

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