O sangue que sofre aglutinação a partir de determinados antígenos, nas hemácias ficaram conhecidos como aglutinogênios (A e B), enquanto que as substâncias aglutinadoras do plasma foram denominadas de aglutininas (anti-A e anti-B).
Além de desvendar a tipologia sanguínea, Karl Landsteiner (1868-1943) descobriu o Fator Rh (anticorpos), derivado do nome do “macaco reshus”, animal o qual foi utilizado nas investigações para o avanço do sistema ABO. As pesquisas demostraram que determinados tipos de sangue possuem ausência do fator Rh, uma vez que os indivíduos que apresentaram as hemácias aglutinadas pelo anticorpo Rh, foram classificadas como Rh positivas (Rh+), enquanto que as hemácias dos que não se aglutinaram, foram chamadas de Rh negativas (Rh-).
Assim, é possível dizer que o sangue possui hemocomponentes de alta especificidade, como as hemácias, e portanto, a sua substituição humana deve ser feita por meio de testes de compatibilidade, sendo indispensável para possíveis transfusões de sangue. Do contrário, o paciente poderá vir a óbito por aglutinação de hemácias (quando as células vermelhas se aglomeram na presença de glóbulos estranhos). No entanto, quando isso acontece, os médicos devem interromper imediatamente a transfusão e medicar o paciente com soro fisiológico. A hidratação tem duas funções: acelerar o processo de diurese (ajuda os rins a eliminar as hemácias "invasoras") e ajudar a elevar a pressão arterial, uma das principais complicações da reação, que ocorre numa taxa de uma a cada 40 mil transfusões. A transfusão de sangue errado também pode provocar efeitos menos graves, como coceiras no corpo, reações alérgicas e febre. Além do soro, dependendo da gravidade da hemólise, o paciente pode necessitar de analgésico (para combater a dor), antialérgico ou drogas para aumentar a pressão arterial. Menos de 24 horas depois, o corpo elimina todo o sangue errado que foi recebido pela pessoa.
Dessa forma, é indispensável conhecer o seu tipo de sangue desde cedo (procedimento simples e que pode ser solicitado tanto na rede privada quanto pelo SUS). A tabela abaixo demonstra as possibilidades sanguíneas, tendo em vista o tipo sanguíneo dos pais.
Mãe/Pai | A | B | AB | O |
A | A | AB | A | A |
B | AB | B | B | B |
AB | A | B | AB | A ou B |
O | A | B | A ou B | O |
O fato é que o sangue é um componente indispensável para o organismo humano, uma vez que é responsável pela comunicação entre os mais diferentes sistemas, e portanto, pela homeostase do corpo. Tendo em vista a sua importância, a medicina evoluiu ao longo dos tempos através da possibilidade de se transfundir este "líquido vermelho" para pessoas em quadros instáveis de saúde, como casos de hemorragia (perda de sangue), seja por fatores internos ou pela ação de mecanismos cortantes ou traumáticos; ou ainda em situações cirúrgicas eletivas ou emergenciais.
Para tanto, surgiram os bancos de sangue ou hemocentros, responsáveis pela captação de sangue por doadores voluntários, em que o líquido coletado passa por uma triagem e é posteriormente armazenado para a sua distribuição aos hospitais. Nos hospitais, as bolsas de sangue são direcionadas para os centros cirúrgicos, onde os pacientes receberão infusão para os seus respectivos procedimentos cirúrgicos.
Mas afinal, o que acontece com as Testemunhas de Jeová?
Qual a postura do médico diante de situações em que a família ou o próprio paciente se negam à transfusão?
Em casos como esses, é comum ouvir relatos de médicos processados por negligência à autoridade do paciente como pessoa humana, inclusive quando estes são salvos por aqueles.
É indispensável entender que tais religiosos seguem uma das máximas bíblicas expressa em Gênesis 9, 4, que diz: "A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis."
Segundo o Código de Ética Médica:
Artigo 46 - (É vedado ao médico) efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo em iminente risco de vida.
Artigo 56 - (É vedado ao médico) desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo e, caso de iminente risco de vida.
Dessa forma, é notória a responsabilidade médica em detectar os princípios e valores máximos do seu paciente, estando este em seu estado pleno de consciência. Do contrário, a família receberá o direito de decidir sobre o futuro do paciente, tendo em vista sua responsabilidade legal e a respectiva isenção do médico (por documento expresso e assinado pela família, em reconhecer o ato).
A questão ainda discutida pelas associações médicas e religiosas é no que se refere aos adolescentes e às crianças filhos de pais religiosos, uma vez que a sua individualidade e a sua vida estarão nas mãos de seus responsáveis. Ainda sobre isso, o Conselho Federal de Medicina se pronunciou:
"Quando a situação envolve menores de idade ou outros pacientes tidos como incapazes, como por exemplo uma pessoa acidentada inconsciente, a questão ganha outras conotações, pois o papel de proteger o paciente, apesar da vontade expressa de seus responsáveis legais pode ser ampliado. A questão que pode ser levantada no caso de adolescentes é até que ponto eles não podem ser equiparados, desde o ponto de vista estritamente moral, aos adultos, quanto a sua opção religiosa. O ECA, em seu artigo 17, lhes dá o direito de exercerem sua liberdade de culto, garantindo igualmente o respeito a esta manifestação. Este mesmo Estatuto permite que, em caso de adoção, o menor com 12 anos ou mais anos possa também se manifestar."
Por fim, é papel das entidades médicas e religiosas continuarem o debate público, dialogando sobre a liberdade individual e o direito à vida, bem como proporcionando a criação de políticas ou medidas públicas que favoreçam o amplo exercício da cidadania e do direito ao culto, um direito fundamental, e igualmente expresso no artigo quinto da Constituição Federal.
Saúde Pública é antes de tudo um diálogo entre os mais variados setores da sociedade, e entender que promoção de saúde exige muito mais que investimentos no setor ou simplesmente consertar ou curar o biológico, requer planejamento multissetorial e respeito às diversas esferas do bem estar biopsicossocial-espiritual.
Afinal, do que adianta curar uma testemunha de Jeová, se a sua transfusão de sangue lhe corresponde a dor e morte em vida espiritual?
No vídeo abaixo, uma alternativa promissora para o cuidado às testemunhas de Jeová.
REFERÊNCIAS
GOLDIM, José Roberto. Transfusão de sangue em testemunhas de Jeová. Disponível em: <http://www.bioetica.ufrgs.br/transfus.htm> Acesso em: 08 de nov. 2014.
Por que as testemunhas de Jeová não aceitam transfusão de sangue? Disponível em: <http://www.jw.org/pt/testemunhas-de-jeova/perguntas-frequentes/por-que-testemunhas-jeova-nao-transfusao-sangue/> Acesso em: 08 de nov. 2014.
Sistema ABO e Fator Rh. Disponível em: <http://www.todamateria.com.br/sistema-abo-e-fator-rh/> Acesso em: 08 de nov. 2014.
A questão religiosa é claramente presente na relação médico-paciente, tornando-se mais evidente nas situações que envolvem fiéis de entidades religiosas mais atuantes como os Testemunhas de Jeová. Essas discussões contribuem para para a evolução do pensamento das sociedades e um posicionamento mais claro sobre os aspectos que envolvem a relação médico-paciente, trazendo consigo uma série de questões éticas relativas ao uso de técnicas alternativas. É complicado, mas quando reconhecida a potencialidade da negociação entre esses dois protagonistas, observa-se que nem sempre há um conflito iminente, e o respeito às diferenças pode estar presente nessa relação.
ResponderExcluirFonte: CHEHAIBAR, Graziela. Bioética e crença religiosa. USP-São Paulo, 2010.
Postagem altamente explicativa sobre o tipo sanguíneo e relação entre possível transfusão e pacientes que tem dogmas religiosos que a impedem de certa forma, essas duas informações são essências que o médico tenha conhecimento antes de iniciar qualquer procedimento que envolva transfusão sanguínea, o religioso foi muito bem explicitado na postagem, e que põe o médico em uma difícil situação, quanto aos aspectos bioquímicos o tipo sanguíneo A, B, AB ou O seguem certas características: as aglutininas, os aglutinogênios e o fator Rh. Anterior a descoberta de Karl Leindsteiner em 1902, os procedimentos já eram realizados se utilizando transferência sanguínea que apresentam vários problemas pós transfusão visto que o sangue era escolhido de maneira aleatória, e além dos problemas de compatibilidade que gerava a coagulação sanguínea, havia grande contaminação, por parte do doador e do meio, além disso chegou-se a utilizar sangue proveniente de animais, chegou-se a usar o leite, sangue de cadáveres e a transfusão direta da artéria do doador para a veia do receptor, técnica conhecida como “braço a braço”. São regras básicas que as pessoas que lidam com saúde devem possuir total entendimento: Se uma pessoa tiver o sangue tipo A, que apresenta aglutinina anti-B no plasma, ela não poderá receber sangue do tipo B e nem do tipo AB. O mesmo acontece com uma pessoa que tem o sangue tipo B, que, por apresentar aglutinina anti-A no plasma, não pode receber sangue tipo A e nem tipo AB. Quem apresenta o tipo sanguíneo AB não possui aglutininas no plasma e por isso pode receber qualquer tipo de sangue, sendo por isso chamado de receptor universal. Entretanto, as pessoas que apresentam o sangue tipo O e que possuem os dois tipos de aglutininas no plasma só poderão receber sangue tipo O. Por outro lado, essas pessoas podem doar sangue para qualquer indivíduo, pois não apresentam aglutinogênios A e B, e por isso são chamados de doadores universais.
ResponderExcluirFontes:
http://www.institutohoc.com.br/historia/historiadatransfusaodesangue
http://www.brasilescola.com/biologia/genetica-problema.htm
A postagem consegue ir além das crenças e valores e toca no ponto da vontade do paciente sobre a própria vida. Quando a vida está em risco e é preferível ao paciente continuar deixá-la em risco a ferir esse princípios, o médico se encontra em uma encruzilhada do seus próprios princípios e juramentos. Nesse momento é preciso não um preconceito ou imposição de ordens, pois a saúde do paciente pode, também, estar ligada à sua relação religiosa. Mas sim uma compreensão e buscas de solução, a fim de conciliar mundos aparentemente divergentes. A solução apontada no vídeo mostra uma dessas conciliações. Quando se chega a um consenso se termina bem, quando não, fica a máxima de conduta médica: "Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre"
ResponderExcluirpostagem bastante interessante sobre o tema , muito esclarecedora.
ResponderExcluirA conduta etica é de valor inestimavel na pratica da medicina e segunda um dos principios da bioetica o "primmum non noccere", o profissional tem que evitar o mal do paciente, portanto em uma situacao de risco de morte devemos intervir a favor da vida do paciente, pois a vida esta acima de qualquer crenca, porem antes disso deve-se respeitar as vontades do paciente e tentar todas as outras alternativas possiveis antes de uma transfusao em um paciente testemunha de jeova. Continue com o alto nivel de postagens
O entendimento dos tipos sanguíneos é particularmente útil para o esclarecimento da eritroblastoses fetal. Quando uma mãe (Rh-) tem contato com o sangue (Rh+) do feto numa primeira gestação, passa a produzir anticorpos contra as hemácias Rh+. Numa segunda gestação com um filho Rh+, os anticorpos podem transpor a placenta e causar hemólise do feto.
ResponderExcluirApós o nascimento, ocorrer no organismo do recém-nascido uma intensa destruição de hemácias, o que resultará em uma anemia profunda, além de uma icterícia adquirida, em resposta ao acúmulo de bilirrubina, sintetizada no fígado a partir de hemoglobina das hemácias destruídas. Como conseqüência da anemia, são produzidas e liberadas na corrente sanguínea hemácias imaturas, denominadas eritroblastos, sendo oriundo daí o nome da afecção.
O respeito a outras culturas é um pré-requisito não apenas à atividade médica, como também ao convívio humano. Apesar da recusa de testemunhas de Jeová a transfusões ser muito criticada, associada a uma forma de suicídio, devemos lidar com esses comportamentos e respeitá-los.
FONTE
http://www.infoescola.com/doencas/eritroblastose-fetal/
Muito relevante a postagem acerca dos tipos sanguíneos, transfusões e o dilema bioético decorrente do conflito de valores entre o direito a vida e direito à religião.
ResponderExcluirÉ muito recorrente salientar, o aspecto em que o paciente é Testemunha de Jeová, mas pouco enfatiza-se quando o profissional de saúde é Testemunha de Jeová, que sobretudo concerne um conflito muito mais profundo, pois há conflito interno entre princípios pessoais e princípios inerentes à profissão.
A respeito dessa dualística, já é proposto o "Testamento Vital" quando tais pacientes, ainda vivos e em condições saudáveis, produzem um documento delimitando os limites que a ciência pode intervir em sua vida para não ferir os seus princípios pessoas e se auto-responsabilizando pelas eventuais consequências.
Quando se trata de sistema sanguíneo, o sistema ABO e Fator Rh são os mais utilizados, mas o que poucas pessoas sabem, é que existe um sistema MN, que configura os tipos M, N ou MN, destacando-se que s anticorpos anti-M e anti-N são produzidos apenas quando há estímulo: se um indivíduo do grupo M recebe sangue de um indivíduo do grupo N, há produção de anticorpos anti-N no receptor; se um indivíduo do grupo N recebe sangue de um indivíduo do grupo M, há produção de anticorpos anti-M no receptor.
FONTE:
GRUPOS SANGUINEOS, Disponivel em http://www.mundovestibular.com.br/articles/384/1/GRUPOS-SANGUINEOS/Paacutegina1.html Acesso em 13/11/2014
Doação de sangue é um ato louvável, pois o doador não se prejudica em nada enquanto ajuda uma pessoa necessitada. A doação torna-se ainda mais fundamental quando é de um tipo sanguíneo raro.
ResponderExcluirO sangue O- é chamado de doador universal, pois todos os outros tipos sanguíneos podem recebê-lo numa situação de necessidade. Apenas 6,6% da população mundial o possui, isto é, 1 a cada 15 pessoas. Outro tipo ainda mais raro é o AB-, que apenas 0,6% da população mundial possui, ou seja, 1 a cada 170 pessoas.
Portanto, campanhas de doação sanguínea devem ser valorizadas e cada um de nós deve contribuir com as doações. Afinal de contas, não sabemos se não seremos nós a precisar de uma doação no futuro.
Quanto a situação das pessoas testemunhas de Jeová, respeito é sempre fundamental, portanto novas alternativas devem ser procuradas, assim como a apresentada no vídeo, para que essas pessoas possam ser tratadas sem que suas crenças sejam desprezadas.
Fonte: http://www.lifestyles.com.br/index.htm/2010/08/tipo-mais-raro-de-sangue/
Bastante interessante a postagem ao introduzir e explicar as substâncias presentes no sangue e responsáveis pela rejeição de determinados tipos de sangue por algumas pessoas. Aglutinogênios, aglutininas e fator Rh (determinado pelo fator Rhesus). Assim, o cuidado na transfusão deve ser elevado, identificando-se quais tipos de sangue a pessoa pode receber. Na transfusão sanguínea também está envolvido o aspecto religioso, muito bem abordado no texto. Ademais, a doação não faz nenhum mal ao doador, pelo contrário. Estudos apontam claramente que quem doa sangue com regularidade pode reduzir o risco de doenças cardíacas, pois colabora com o metabolismo de ferro sanguíneo nesse processo de produção de sangue para o próprio organismo. Portanto, a doação deve ser incentivada, para que não haja falta de sangue nos bancos para os tratamentos médicos.
ResponderExcluirFonte:
http://drcarlosrey.blogspot.com.br/2011/06/doar-sangue-faz-bem-para-saude.html