Listada como uma doença crônico-degenerativa, a Diabetes é uma doença com expressividade genética, e pode ser classificada como de dois tipos: a tipo 1, que acomete pessoas jovens, como resultado da destruição auto-imune das células beta-pancreáticas; e a tipo 2, normalmente manifestada em pacientes com mais de 40 anos de idade e tipicamente obesos, sendo esta patogênese caracterizada pela secreção insuficiente de insulina e resistência a esta última. Ambos os tipos de desenvolvimento da doença possuem causas desconhecidas, mas costumeiramente relacionadas a fatores genéticos, a determinados genes. Pesquisas apontam, inclusive, que parentes em primeiro grau de portadores da diabetes tipo 2 possuem 40 % de chances de desenvolver a doença.
O fato é que, em ambos os casos, a síndrome patogênica se manifesta por meio da instabilidade fisiológica do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas, seja por sua ausência, ou ainda, por sua baixa produção.
Assim, a diabetes interfere no metabolismo dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas, principalmente pela incapacidade de a glicose penetrar nos tecidos imuno-dependentes, por meio do sangue, bem como nos tecidos adiposo e muscular, com o respectivo aumento de glucagon. Com isso, ocorre a inibição da glicólise e da lipogênese, ao passo que são estimuladas a glicogenólise, a lipólise, a cetogênese e a glucogênese, tornando-se o fígado um produtor de glicose, o que caracteriza um quadro de hiperglicemia em jejum.
Pacientes diabéticos descompensados têm uma maior produção de ácidos acetoacético e beta-hidroxibutírico, o que reduz o pH do sangue, provocando acidose metabólica. Além disso, os diabéticos perdem mais água na urina, justamente por conta do potencial osmótico da glicose (diurese osmótica).
Pacientes diabéticos descompensados têm uma maior produção de ácidos acetoacético e beta-hidroxibutírico, o que reduz o pH do sangue, provocando acidose metabólica. Além disso, os diabéticos perdem mais água na urina, justamente por conta do potencial osmótico da glicose (diurese osmótica).
Tendo em vista o quadro geral da doença, faz-se necessário comentar ainda sobre a hipoglicemia (redução dos níveis de glicose no sangue), que pode apresentar-se por meio de altas doses de reposição de insulina, o que propicia a redução do açúcar circulando no sangue; além da possibilidade de aplicação do hormônio pós-alimentação, o que representaria o aumento de insulina circulando. Um distúrbio sério, comumente citado quando se trata do quadro diabético, e que pode ser relacionado com a prática de exercícios físicos, jejum, excesso de insulina exógena, ou ainda com a inibição da produção de glucose endógena (ingestão de bebidas alcoólicas, por exemplo).
O sangue possui uma importância fundamental para os processos bioquímicos e metabólicos da glicose, e a alteração de seus níveis no plasma pode ocasionar uma série de problemas orgânicos. Dentre eles, como complicações tardias da diabetes: a neuropatia autônoma (diarreia), o pé diabético (úlceras nos pés), a retinopatia (cegueira e disfunção visual), a cardiopatia coronária e a nefropatia, o que dificulta a possibilidade de cura e de um tratamento mais brando, o que requer um olhar multidisciplinar de saúde, sobretudo no cuidado em atenção básica, em que se previne a progressão negativa da doença, evitando as demandas pelos níveis mais avançados em saúde.
Quando se fala em saúde do diabético, é necessário entender que a sua alimentação e dieta nutricional devem ser acompanhadas, controlando a ingestão de bebidas e comidas açucaradas, inclusive os carboidratos (representados principalmente pelas massas), uma vez que constituem-se como glicídios, e portanto, açúcares. Dessa forma, é necessário um amplo projeto de conscientização articulada e anti-impactos, sobretudo pelo fato de que a diabetes projeta-se como uma doença do futuro, indiscutivelmente pelo avanço da expectativa de vida e pela difusão de hábitos negativamente contemporâneos, como a busca por comidas feitas, bebidas calóricas e processados industriais, repletos de conservantes, nitrito, sódio e carboidratos (os vilões da boa saúde).
Seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde, as secretarias de saúde e demais órgãos gerenciais e representativos da saúde possuem uma responsabilidade indiscutível de fiscalização e análise em feed back dos serviços ofertados pelos postos de saúde (centros da atenção básica).
São oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, a nível de atenção primária, serviços odontológicos, de enfermagem, assistência social e clínica geral, a fim de que pequenos problemas de saúde não tomem grande dimensão, evitando gastos para o governo e possibilitando uma ampla e efetiva recuperação do estado de saúde.
É imprescindível, após constatação de distúrbio metabólico, o rápido enquadramento no cadastro de Saúde da Família do posto que cobre geograficamente a residência do paciente, iniciando um prontuário de acompanhamento, bem como efetivando a explanação situacional do diabético, possibilidades de cura e tratamento. O diabético tem direito ainda a insulina gratuita ou a preço popular, se necessário.
Cada vez mais comum, o quadro de descompensação metabólica tem tido a sua importante carga genética impulsionada por fatores externos, como a própria alimentação. Por isso, existem muitas discussões acerca da necessidade de se estabelecer o padrão de segurança alimentar, principalmente nas grandes cidades, que possuem, ano após ano, um ritmo de crescimento frenético, incorporado ao ritmo desumano do mercado de trabalho, em que o preparo da própria comida é posto em cheque, frente ao leque de opções de comidas feitas, ou preparadas por terceiros.
Portanto, é necessário que sejam intensificadas as campanhas de conscientização, bem como fortalecidos os investimentos e a fiscalização em serviços de saúde, garantindo o amplo processo de saúde, bem como humanizando o atendimento.
REFERÊNCIAS
BAYNES, John; DOMINICZAK, Marek H. Bioquímica Médica. São Paulo: Ed. Manole, 2000.
PEREIRA, Pricila Melissa Honorato. Avaliação da atenção básica para o diabetes mellitus na estratégia saúde da família. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2007pereira-pmh.pdf> Acesso em: 25 de out. 2014.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/> Acesso em 25 de out. 2014.